Ciência contra o crime - Caso MJ
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Ciência contra o crime - Caso MJ
Foi cogitado que Michael Jackson poderia ter morrido por
interação medicamentosa entre demerol e MAOI. Não foi demerol, mas
propofol. Segundo o médico legista chefe de Los Angeles, Dr.
Sathyavagiswaran, a morte de Michael foi o resultado da administração de
doses letais do anestésico propofol (comercialmente conhecido por
diprivan). É o que consta na avaliação toxicológica prelimiar divulgada
ontem.
Jackson morreu no dia 25 de junho passado. No mesmo dia,
Conrad Murray, médico particular do cantor, confessou ter ministrado
valium (1h30min da manhã), lorazepam (2h), midazolam (3h), várias outras
drogas não divulgadas (entre 4h e 10h) e, finalmente, 25mg de propofol
(10h40min). Era tudo que um hipocondriaco, como seu paciente, queria!
Certo,
mas 25mg de 2,6-di(propan-2-yl)phenol, nome sistemático do propofol, é
letal? A bula do medicamento diz que "é possível que uma superdose
acidental acarrete depressão cardiorrespiratória". Até aqui, tudo de
acordo: conforme divulgado, Jackson teve uma parada cardiorrespiratória.
E quanto à dose? Diz a bula: "A maioria dos pacientes adultos com menos
de 55 anos [...] possivelmente requererá de 2,0 a 2,5 mg/kg de
Propofol". Então, para que 25mg fosse uma dose letal, Michael Jackson
deveria pesar menos de 10kg. Apesar de extremamente magro, duvido que o
popstar tivesse peso próximo disso.
Sites paparazzi afirmam que,
em 03 de junho, Michael estava muito magro e que seu índice de massa
corpórea (IMC) estava abaixo dos níveis saudáveis. Sites diversos trazem
a informação de que ele tinha 1,81m de altura. Se seu IMC esta muito
abaixo do saudável, então deveria estar abaixo de 18,5. Como o IMC é
calculado atraves da divisão do peso (em kg) pelo quadrado da altura (em
metros), chegamos a conclusão de que seu peso deveria ser abaixo de
60,6kg.
Pesando 60kg, a dose requerida de propofol seria entre
120 e 150mg (considerando as informações da bula). Então, como 25mg
teriam o matado? Aqui ficamos com duas hipóteses: 1) Conrad Murray
mentiu no depoimento, ministrando muito mais de 25mg do sedativo; 2)
houve algum tipo de interação medicamentosa entre propofol e as outras
drogas ministradas pelo médico. Vale ainda dizer que essas hipóteses não
são mutuaemente excludentes (ou seja, a ocorrência de uma não excluia a
outra).
Já diziam meus professores: "o testemunho é a prostituta
das provas". Não é pouco provável que Murray esteja mentindo. Afinal,
ele é o principal investigado no caso. Logo, a primeira hipótese é , no
mínimo, plausível.
Quanto a segunda hipótese, consultando
novamente a bula do propofol, temos que "as necessidades de dose de
indução de Propofol podem ser reduzidas em pacientes com pré-medicação
via intramuscular ou intravenosa, especialmente com [...] combinações de
opióides e sedativos (p. ex., benzodiazepinas, barbitúricos, etc.).
Esses agentes podem aumentar o efeito anestésico ou sedativo de
Propofol, podendo também resultar em reduções mais acentuadas nas
pressões arteriais sistólica, diastólica e média e no débito cardíaco".
Reparem que valium, medicamento ministrado pelo médico, é o nome
comercial do diazepan, um benzodiazepínico. Lorazepam e midazolam,
também ministrados, também são benzodiazepínicos.
Em
outras palavras, todos as drogas confessamente aplicadas pelo Dr.
Conrad Murray potencializam o efeito do propofol. Aceitando as duas
hipóteses, é possível que a dose administrada tenha sido maior que 25mg,
mas não necessariamente maior do que a recomendada, pois o efeito do
sedativo teria sido potencializado por interação medicamentosa.
Se foi o que aconteceu, não se pode dizer. Entretanto, se ao menos faz sentido já valeu pelo exercício mental.
http://cienciacontraocrime.blogspot.com/2009/08/caso-jackson-demerol-nao-propofol.html
Fonte: Fênix Lux
interação medicamentosa entre demerol e MAOI. Não foi demerol, mas
propofol. Segundo o médico legista chefe de Los Angeles, Dr.
Sathyavagiswaran, a morte de Michael foi o resultado da administração de
doses letais do anestésico propofol (comercialmente conhecido por
diprivan). É o que consta na avaliação toxicológica prelimiar divulgada
ontem.
Jackson morreu no dia 25 de junho passado. No mesmo dia,
Conrad Murray, médico particular do cantor, confessou ter ministrado
valium (1h30min da manhã), lorazepam (2h), midazolam (3h), várias outras
drogas não divulgadas (entre 4h e 10h) e, finalmente, 25mg de propofol
(10h40min). Era tudo que um hipocondriaco, como seu paciente, queria!
Certo,
mas 25mg de 2,6-di(propan-2-yl)phenol, nome sistemático do propofol, é
letal? A bula do medicamento diz que "é possível que uma superdose
acidental acarrete depressão cardiorrespiratória". Até aqui, tudo de
acordo: conforme divulgado, Jackson teve uma parada cardiorrespiratória.
E quanto à dose? Diz a bula: "A maioria dos pacientes adultos com menos
de 55 anos [...] possivelmente requererá de 2,0 a 2,5 mg/kg de
Propofol". Então, para que 25mg fosse uma dose letal, Michael Jackson
deveria pesar menos de 10kg. Apesar de extremamente magro, duvido que o
popstar tivesse peso próximo disso.
Sites paparazzi afirmam que,
em 03 de junho, Michael estava muito magro e que seu índice de massa
corpórea (IMC) estava abaixo dos níveis saudáveis. Sites diversos trazem
a informação de que ele tinha 1,81m de altura. Se seu IMC esta muito
abaixo do saudável, então deveria estar abaixo de 18,5. Como o IMC é
calculado atraves da divisão do peso (em kg) pelo quadrado da altura (em
metros), chegamos a conclusão de que seu peso deveria ser abaixo de
60,6kg.
Pesando 60kg, a dose requerida de propofol seria entre
120 e 150mg (considerando as informações da bula). Então, como 25mg
teriam o matado? Aqui ficamos com duas hipóteses: 1) Conrad Murray
mentiu no depoimento, ministrando muito mais de 25mg do sedativo; 2)
houve algum tipo de interação medicamentosa entre propofol e as outras
drogas ministradas pelo médico. Vale ainda dizer que essas hipóteses não
são mutuaemente excludentes (ou seja, a ocorrência de uma não excluia a
outra).
Já diziam meus professores: "o testemunho é a prostituta
das provas". Não é pouco provável que Murray esteja mentindo. Afinal,
ele é o principal investigado no caso. Logo, a primeira hipótese é , no
mínimo, plausível.
Quanto a segunda hipótese, consultando
novamente a bula do propofol, temos que "as necessidades de dose de
indução de Propofol podem ser reduzidas em pacientes com pré-medicação
via intramuscular ou intravenosa, especialmente com [...] combinações de
opióides e sedativos (p. ex., benzodiazepinas, barbitúricos, etc.).
Esses agentes podem aumentar o efeito anestésico ou sedativo de
Propofol, podendo também resultar em reduções mais acentuadas nas
pressões arteriais sistólica, diastólica e média e no débito cardíaco".
Reparem que valium, medicamento ministrado pelo médico, é o nome
comercial do diazepan, um benzodiazepínico. Lorazepam e midazolam,
também ministrados, também são benzodiazepínicos.
Em
outras palavras, todos as drogas confessamente aplicadas pelo Dr.
Conrad Murray potencializam o efeito do propofol. Aceitando as duas
hipóteses, é possível que a dose administrada tenha sido maior que 25mg,
mas não necessariamente maior do que a recomendada, pois o efeito do
sedativo teria sido potencializado por interação medicamentosa.
Se foi o que aconteceu, não se pode dizer. Entretanto, se ao menos faz sentido já valeu pelo exercício mental.
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